terça-feira, 29 de junho de 2010

Saídas penosas

Portugal perdeu com a Espanha nos oitavos-de-final do Mundial de África do Sul.
Segundo Carlos Queiroz, foi uma vitória justa.

É claro que isso explica muita coisa.
Este é o mesmo Carlos Queiroz que vai jogar contra o campeão europeu e coloca Ricardo Costa do lado direito da defesa. E o ainda mal recuperado Pepe a médio defensivo. E Hugo Almeida na frente.

Da mesma forma que questiono as opções de CQ, também reconheço que a fórmula foi resultando. Estavam a jogar. Defendiam bem e saíam de vez em quando com perigo para o contra-ataque. Ataque continuado é que só raramente mas também criaram perigo.

Continuando com Queiroz, que alterações foram aquelas?
Ainda empatados, para quê tirar Hugo Almeida e deixar Ronaldo lá no meio a fazer... zero?
Depois, sai Pepe e entra Pedro Mendes? Para segurar a bola? Ainda me lembro de Scolari pedir a Deco para jogar do lado direito, durante o Euro, e o médio ofensivo luso-brasileiro lá foi e continuou a correr mesmo quando já estava com os bofes de fora. Não seria uma boa altura para pedir a Tiago ou Meireles para fazerem um esforço extra e colocar...Deco? Ou o objectivo era segurar a derrota?
E Liedson? Para mim seria mais lógica a entrada do Levezinho, uma vez que é o melhor que lá estava no que toca a pressionar os centrais e médios adversários e recuperar a bola lá na frente ou forçar mais passes. Quando entra, vai para o lado direito e fica Cristiano Ronaldo no meio? Alguém que me explique como é que se mete um avançado e se coloca no lugar do extremo, deixando o extremo a fazer de...avançado!

Continuando com as questões negativas, é impressão minha ou o Ronaldo passou o Mundial a fazer toques de calcanhar e a rematar sem nexo à baliza? Sumarizando: uma bola à trave e uma ao poste, mais um golo de sorte. Quantos remates? Quantos com nexo? E nos passes? Passe de 2 metros: calcanhar. Passe de 10-20 metros: toque de letra.
O CR7 não joga na selecção. Nem é jogar mal. Ele não joga! Porque o futebol é um jogo colectivo e Ronaldo não sabe o que isso é quando enverga a camisola das Quinas!
Aliás, vejam os jogos do menino no Euro2004. É o mesmo?
Peguem nele agora! Quem é a vedetinha que anda ali a passear "classe"? O Ronaldo. CR7 na selecção, CR9 no Real Madrid e CR0 nos nossos corações!
No Euro2004 e no Real Madrid, Ronaldo é uma estrela, mas uma estrela entre estrelas. Por isso, corre como os outros e tenta superá-los. Na selecção, convenceu-se que é a estrela da companhia e os outros estão lá para o servir. Por isso joga nicles batatóides, perdido na sua obsessão em ser o maior da sua aldeia. Meteu na cabeça que ele é um fora de série a quem basta chutar para ser golo, a quem basta correr para passar os adversários, a quem basta tocar de calcanhar para deixar as mulheres loucas e os defesas perdidos...
Acho que se deve ponderar seriamente a utilização de Cristiano Ronaldo na selecção. Viu-se perfeitamente o rendimento que os jogadores tiveram nos encontros em que Ronaldo esteve ausente. Nani é muito superior a Ronaldo quando veste o equipamento da equipa de todos nós.

E, já que falei em Nani, este foi para mim o grande ausente do Mundial. Ele podia ter levado a equipa às costas. Não Ronaldo, mas Nani. Ele joga como jogava...Ronaldo! Prende-se à bola, é verdade, mas finta, corre e chuta mas faz tudo isso com um objectivo: fazer golo ou dar o golo a alguém. Ronaldo só deu um ar disto que descrevi na segunda parte do jogo contra a Coreia.

Mas nem tudo foi mau.
Tivémos uma defesa e um guarda-redes muito bons, só batidos em fora-de-jogo, é essa a verdade. Eduardo foi incrível, especialmente contra a Espanha. Bruno Alves e Ricardo Carvalho irrepreensíveis, Fábio Coentrão gigante e depois...as invenções na direita. Paulo Ferreira um bocado aos papéis, Miguel sem saber dominar a bola e Ricardo Costa esforçado mas...fraco.

Ainda assim, apenas um golo sofrido durante o Mundial e teve que ser em fora-de-jogo.

Meireles fez o seu jogo mais apagado contra a Espanha mas foi soberbo nas restantes partidas, o próprio Tiago mostrou a classe que o levou a Lyon, Chelsea, Juventus e Atlético de Madrid, Pedro Mendes foi sempre certinho e soube limpar jogo com a mesma simplicidade com que o distribuiu. Quanto ao resto, cumpriram. Danny não mostrou o que lhe vimos nos jogos de preparação e Simão mostrou o que lhe vimos durante a época mediana que efectuou. Hugo Almeida e Liedson lá marcaram, mas à Coreia só faltou marcar Eduardo. Deco e Pepe fora de forma. Ruben Amorim picou o ponto. Veloso ainda deu um ar da sua graça mas foi pouco tempo para se poder ver alguma coisa.

Quanto às arbitragens:

No jogo contra a Costa do Marfim, imensas faltas sobre Ronaldo, Deco e Danny a impedir que Portugal atacasse e não só não deram amarelos como muitas delas nem eram assinaladas. Assim é fácil parar a equipa adversária. Uma nota ainda para o amarelo a Ronaldo. Não só sofre falta como ainda leva com o Demel a tentar tirar satisfações e é amarelado porque não meteu o rabinho entre as pernas e foi embora.
Contra a Coreia foi o massacre que se sabe e o árbitro não tinha muito a fazer.
No duelo com o Brasil, o lance de Juan, que corta um lance de perigo em que Ronaldo ficava sozinho para atacar a baliza, deu amarelo a Juan, em vez do vermelho que se exigia, e ainda originou um cartão amarelo para Duda pois teve a ousadia de abrir os braços e dizer "então?". Mais que isso não pode ter dito visto que entre a chegada de Duda ao pé do árbitro e o cartão amarelo levantado não teve tempo para mais que duas palavras.

Neste último, o golo da vitória é em fora-de-jogo e ainda levámos com uma estupidez de uma expulsão ridicula, após simulação de Capdevilla.

Será que o senhor blatter amanhã vai pedir desculpas a Portugal?
Tenho dúvidas.
E, verdade seja dita, depois do discurso de Queiroz, acredito que quis ser um bom vencido, mas ia jurar que já fomos menos prejudicados e reclamámos mais.
Desconfio que sei a razão?
Talvez tenha a ver com uma certa candidatura ibérica...essas coisas contam muito.

Pior que uma ENTRADA PERIGOSA, é uma tentativa de saída airosa.
Portugal saiu mal.
A Espanha teve o seu mérito, sim, mas foi pouco.
Foi mais demérito de Queiroz, de Ronaldo...e do senhor Hector, da Argentina, a quem meteram um apito na mão e mandaram arbitrar o jogo. Mais um de "nuestros hermanos" apitado por um "hablante de castellano".