terça-feira, 9 de outubro de 2007

As guerrinhas do futebol à portuguesa

Tenho sempre a infeliz ideia de, quando leio a página online do Record, ir espreitar os comentários e hoje serviu-me de inspiração.

Em causa está uma notícia que falava sobre Sporting e Benfica e que dizia que entre os dois clubes da 2ª Circular não existe uma aliança, que as declarações dos presidentes dos dois clubes antes do Derby apenas mostram uma intenção de haver paz entre SLB e SCP.

Resultado:

Uma cambada de "índios" e "trogloditas" que se apressam a falar em "guerra", em "mais vale sozinho que unidos com esse clube", em ver tudo como uma guerra (mais uma vez) contra o FCP e Pinto da Costa, e nas velhas disputas de ver quem é o maior e quem é o melhor clube.

Aqui há uns tempos manifestei-me completamente contra a rivalidade actualmente injustificada entre Académica e Guimarães.
Esta rivalidade assenta em factos já antigos, que envolvem pessoas que já nem estão ligadas aos dois clubes e, na minha visão, nada legitima a fervorosa antipatia entre os elementos das claques dos dois emblemas.

Entre os "três grandes" a rivalidade é levada ao extremo, com os adeptos a exibir cachecóis onde não só torcem pela sua equipa como também insultam um dos dois rivais. O mesmo acontece entre Braga e Guimarães, por exemplo...

E o pior? As direcções dos clubes estimulam estas guerrinhas.

Custa-me a crer que seja assim tão difícil haver uma rivalidade como em Itália (em que os clubes se dão tão bem que até combinam resultados, mas isso é uma outra história). Quantos jogadores já vimos representar Milan, Inter, Parma, Juve, Fiorentina, etc, saindo amigavelmente e não sendo insultados quando passam para outro clube? Ou pelo menos sendo tão insultados como os restantes colegas de equipa...

Em Portugal isso é quase impossível. Acho que tirando o caso da troca entre Rui Jorge e Bino por Peixe e Costinha (acho que foram estes os jogadores) não me lembro de outras trocas entre clubes rivais que fossem consensuais.

Neste país não nos basta ser deste clube ou daquele, temos de ser contra alguém. Aliás, é preciso ser contra todos os outros e especialmente contra um (e ás vezes até mais que um) clube.

Os clubes, respectivas direcções e adeptos, vivem não para o futebol mas para a rivalidade. Interessa mais que o outro clube tenha tido uma vitória polémica do que o próprio clube tenha feito um bom jogo.

Não sei se esta é uma ENTRADA PERIGOSA mas acho que não faz mal nenhum reflectir e decidir se é este o futebol que queremos...

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Estão à espera de quê?

Virou moda citar o exemplo do râguebi e sugerir que se recorra ao auxílio do vídeo para o futebol.
Isto, no caso de grandes penalidades e agressões.
É certo que concordo totalmente, mas vou mais longe.

Veja-se o que se passou na noite passada no Celtic - Milan.




Exemplos deste género não são poucos, embora reconheça a invulgaridade do mesmo.
Não é todos os dias que um adepto entra em campo e TOCA num jogador, mas muito menos se vê um fingimento tão exagerado e despropositado como o do guarda-redes do Milan. Dida chegou ao cúmulo de ter saído de campo e ser substituido!

E é aqui que eu acho que tem que haver uma grande mudança.
Não só no uso do vídeo para sancionar quem agride, quem faz faltas, quem comete grandes penalidades (ou para ilibar quem não fez nada disso). É importante castigar quem finge, quem exagera, quem se atira.
Não podemos andar sempre a criticar os homens do apito quando vemos tanta ronha em campo.

Quando todos foram tão lestos a "bater" em Scolari por um murro que este tentou dar (sem sucesso) num sérvio provocador, quando é que a opinião pública e os adeptos de futebol em especial vão começar a mostrar o seu repúdio pelas constantes falsas lesões, agressões, penalidades...?

Neste país da treta (que eu adoro apesar de tudo) só se aponta o dedo ao que está mal em casa dos outros.
Não temos fãs de futebol, temos fanáticos dos clubes.

Vamos todos juntar-nos e fazer uma grande ENTRADA PERIGOSA sobre o futebol e pedir para pararem com o teatro e jogarem a sério.

Num mundinho em que ainda impera a tentativa de todo o homem se mostrar como macho, em que os jogadores "discutem" de cabeças encostadas, em que se empurram para mostrar que não têm medo do outro e que são mais fortes, vemos várias "marias amélias" que caem ao chão com um toque mínimo ou com o vento, em que um raspão consegue derrubar o mais possante jogador e, como se viu ontem, um pequeno toque perto do pescoço deita violentamente ao chão um jogador de quase 1m90 como se tivesse sido atingido por um relâmpago...na cara!

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Muito se fala...

Estes últimos tempos deixam irritado o mais pacato adepto de futebol.

São casos atrás de casos e, quando não os há, os media criam algum.

Sem recuar muito, temos o penalty por assinalar no Amadora-Sporting,o assinalado no Amadora-Benfica, o não assinalado no Sporting-Setúbal, o golo do Guimarães contra o Braga... e agora a grande confusão do Benfica-Sporting.

Para ser sincero, das 4 situações do derby nas quais se diz que o árbitro poderia ter apitado, para mim apenas duas deixam dúvidas:

1. Ronny dá um encosto em (salvo erro) Rodriguez dentro da área. O jogador do Benfica cai mas não me parece que haja motivo suficientemente forte para apitar penalty.

2.Romagnoli é rasteirado por Katsouranis. Diz-se que não é penalty porque os jogadores do Sporting não protestaram...ok...bom critério! O jogador do Benfica tentou jogar a bola, nem lá chegou, pelo caminho derruba o 30 do Sporting.

3.Bola bate no braço de Katsouranis. O árbitro auxiliar levanta a bandeirola e chama Pedro Henriques dizendo que tinha sido mão, que era falta, que era penalty. Todos os jogadores ouviram. Não me parece que o grego do Benfica pudesse desviar os braços mais do que ja estava a fazer, com eles colados ao corpo.

4.Adu é rasteirado por Moutinho na área leonina. Penalty, tal como no caso de Romagnoli, no entanto o árbitro manteve o critério. Moutinho não consegue desviar a perna e acaba por obstruir a passagem do norte-americano. Se não considerou a falta de Katsu sobre o argentino, pela mesma lógica também não assinalou esta.

O que se disse.

Muito se disse, pouco do que se disse pode ajudar alguma coisa o futebol português.
Duarte Gomes foi criticado por admitir que errou ao aceitar a indicação do seu auxiliar, Pedro Henriques também foi criticado por não aceitar.

Se antes concordava com as críticas a Vítor Pereira na questão dos atrasos ao guarda-redes, neste caso acho que não faz sentido comparar os dois jogos e, muito menos, meter Vítor Pereira ao barulho. É sobejamente sabido que a última palavra é do árbitro, que pode aceitar ou recusar a indicaçao do auxiliar. Ambos fizeram o que tinham a fazer.

O que não entendi ainda foi uma questão. Afinal Pedro Henriques disse ou não disse que não viu o lance? É que eu li que o major teria dito que não ia assinalar o penalty porque não tinha visto. Nesse caso, o que defendi já aqui em cima cai por terra e, caso não tenha visto o lance, o árbitro tem de confiar no que observam os seus auxiliares.

Algo que também me intriga é o facto de um dos critérios para ser assinalada uma falta ou ser mostrado um cartão seja o comportamento de quem sofre a falta. Vejam-se dois exemplos. Romagnoli e Vukcevic. Estes dois jogadores caem e levantam-se, procuram a bola e, inclusivamente, o montenegrino chegou a levar um amarelo por protestar com um árbitro por este assinalar um livre quando o 10 do Sporting já se tinha levantado e corria sozinho pela ala. É esta mentalidade que se deve combater. Os jogadores sempre no chão, sempre a fazer fita... a mim irrita-me. Assim como me irritavam as 10 cambalhotas do Derlei sempre que sofria um toque, assim como me irrita que o Liedson caia sempre que leva um encosto. Porque depois sofrem faltas de verdade e não são assinaladas...

Em jeito de conclusão, vou agora para a verdadeira Entrada Perigosa.

Toda a discussão na praça pública sobre o comportamento dos árbitros e das palavras dos treinadores sobre os árbitros, as críticas prematuras ao trabalho de Camacho, são como um incêndio que ganha proporções gigantescas tendo como catalizadores os comentadores especializados. Estes especialistas, estes sábios da bola são os que mais contribuem para que haja mais e mais casos no futebol português.
Ao invés de analisarem com serenidade e objectividade e terem em conta a capacidade humana para errar, todos os dias lançam mais lenha para a fogueira.

Miguel Sousa Tavares e Rui Santos são dois magos, dois foras de série. E são-no por uma razão muito simples. Basta pegar no que escreveram e disseram nestas últimas semanas para perceber que usam apenas uma porção mínima dos seus cérebros, o que explica que tenham visões tão parciais e ridículas do futebol. E o que também é de louvar e faz com que sejam, como disse, foras de série. Julgava que fosse impossível conseguir falar ou escrever quando a função cerebral é tão reduzida.

No caso de Rui Santos é comum, por isso não sei se dará para mais, mas MST é um homem inteligente. Não sei o porquê das tão frequentes paragens cerebrais.
Recomendo a leitura da teoria de MST sobre a Cigarra (SLB), o Kalimero(SCP) e a Formiga(FCP) n'A Bola de Terça-feira. Aí sim, vão encontrar uma série de ENTRADAS PERIGOSAS!