quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Anatomia para jogadores de futebol

No jogo entre Sporting e FCPorto houve um lance em que Fucile apareceu no chão agarrado à cara.
Na disputa estava também Liédson.
Confesso que não me apercebi de nada na altura mas, na repetição, vê-se claramente o avançado do Sporting a tentar controlar o adversário com a mão.
O certo é que o baiano acerta com a mão na zona do ombro/clavícula do uruguaio e o deve ter...aleijado.

Fucile vem hoje dizer que"Não somos santos, mas a cotovelada que levei na cara não me partiu os dentes por sorte. Fez-me um golpe feio, sangrei e na verdade fiquei enojado".

Provavelmente Liédson deve ter acertado nalgum vaso sanguíneo que bombeia o sangue para o cérebro de Fucile e o fez delirar, chegando a imaginar que lhe acertaram nos dentes e, inclusivamente sangrou.

Isto sim, foi uma ENTRADA PERIGOSA! Sobre a anatomia do corpo humano...

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

As vitórias à Porto

Jesualdo Ferreira disse, no final do jogo contra o Sporting, que tinha sido uma vitória à Porto.
Eu concordo.
Fez lembrar aqueles jogos em que o Porto ganhava desse por onde desse, com ajuda do apito.

O Sporting fez, talvez, o melhor jogo da época.
A equipa, tal como no jogo para o campeonato, dominou o jogo só que, desta vez, aliou ao domínio boas trocas de bola e várias oportunidades para marcar.

Moutinho fez um jogo fantástico, tal como Izmailov, Rochemback voltou a mandar no meio-campo leonino, Romagnoli apareceu aqui e ali mas foi, na minha opinião, o menos inspirado.

Polga e Caneira dominaram os pouco activos avançados do FCP, ajudados por Miguel Veloso e Abel, sendo o lateral-direito o mais atarefado devido às incursões de Hulk.

Lá na frente, Liedson e Postiga foram uma dor de cabeça constante para os dois caceteiros de serviço e para o papá caceteiro, Bruno Alves, Rolando e Pedro Emanuel.

O golo do Sporting nasce de dois cortes da defesa do Porto a um cruzamento de Izmailov, com fernando a fazer a bola subir em arco e depois o enorme Liedson ganhou nas alturas, de cabeça, a Pedro Emanuel e fez a bola passar fora do alcance de Helton.

Mais tarde, o empate do Porto nasce numa falha clamorosa da equipa do Sporting. Hulk parte desde antes do meio-campo apenas perseguido por Rochemback - um sprinter contra um lutador de sumo - e Abel no meio sem saber se ia travar Hulk ou ficava a precaver um cruzamento para Tomás Costa.

Os dois golos nasceram em lances marcados por erros defensivos, não de grandes jogadas ou trabalho da equipa.

Erros da arbitragem foram mais que muitos.

Parecia ser um jogo bem tranquilo mas Bruno Paixão resolveu deixar a sua marca.
Primeiro com a expulsão de Caneira. Hulk levanta-se e vai encostar a testa à testa de Caneira. Amarelo para os dois?
Deixem-me rir!
No solo, Caneira atinge Hulk com o pé, mas alguém viu se foi com intenção?
Eu não!
A televisão so mostra o pé, não se vê o jogador do Sporting para poder avaliar.

No mesmo lance, Rui Patrício atira-se (ainda não percebi muito bem porquê) contra Hulk. Penálti por marcar e expulsão do keeper do Sporting? Não me chocava.

Do lado esquerdo do ataque do Sporting há um cruzamento que é desviado por Rolando no chão. Detalhe: o central do Porto usou a mão.
Mão dentro da área dá penálti.

Abel entra na área portista e Bruno Alves sai ao caminho do lateral do Sporting.
Não só comete obstrução como ainda levanta o braço ao nível do pescoço do jogador leonino.
Penálti?
Era era...mas não foi.

Isto, já para não falar na diferença de critérios na exibição de cartões aos jogadores de ambas as equipas.
E na marcação de faltas.

No final, as palavras dos treinadores foram bem elucidativas: Paulo Bento afirmou que a arbitragem portuguesa lhe metia nojo, já Jesualdo Ferreira teve uma ENTRADA PERIGOSA, dizendo que tinha sido uma vitória à Porto. Realmente dá que pensar. Num jogo em que o Porto não jogou futebol (mais uma vez), num jogo em que ficaram na retranca, num jogo em que jogaram largos minutos com menos um e a pouquíssimos minutos do final do jogo é que ficam em inferioridade numérica e o professor resolve vir falar como se tivessem andado o jogo todo com 9 em campo contra 10, num jogo em que o árbitro teve clara influência...dizer que foi uma vitória à Porto é dizer que voltaram as vitórias com "ajuda externa".

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Eu não percebo nada de futebol

Um dia destes vi no público um senhor comentar sobre a dificuldade de estar a ver, em simultâneo, o momento em que um jogador passa a bola e a posição em que se encontra o jogador que a vai receber.

Concordo que é díficil.

Mas há que ver que essa é uma função do árbitro assistente, ele sabe que tem de fazer isso. Por isso é que eles têm de andar em formações, por isso é que treinam, por isso é que são avaliados, por isso é que têm de progredir na carreira, indo apitando jogos desde os escalões de formação até chegarem a internacionais. Porquê? Exactamente porque o nível de exigência faz com que eles tenham de chegar a um grau zero de erros. Essa inexistência de erros vem com o treino. Esse treino vem com a experiência.
Um árbitro assistente que erre num jogo de miúdos é capaz de ser insultado por meia dúzia de pais, já se errar num jogo da Liga dos Campeões terá de aguentar com os apupos de estádios repletos.
Isto, falando da "avaliação" popular. Não podemos esquecer da avaliação dos delegados da Federação ou da UEFA.

Também tenho lido aqui e ali as comparações entre Mourinho e Mancini.

Confesso que tenho vontade de rir.

Sem qualquer nacionalismo ou qualquer "mourinhismo", vou apenas recorrer aos factos.

O primeiro campeonato ganho por Mancini foi, como alguns se recordam, uma vitória na secretaria.

O segundo, foi ganho com o Inter a partir com vários pontos de avanço em relação aos rivais directos (20 pontos de avanço e 10 pontos de avanço parecem-me uma boa ajuda).

As vitórias permitiram, algum encaixe financeiro (quer dos prémios por vitória, quer dos prémios dos patrocinadores... Não que dinheiro seja problema para Moratti) que possibilitou ou facilitou a aquisição de jogadores importantes, mas, principalmente, fizeram com que Mancini tivesse "moral" para fazer certas exigências, enquanto treinador vencedor, enquanto treinador campeão.

Mourinho chegou a Itália e já foi atacado por diversos lados, já teve treinadores e dirigentes a comprar guerras com o Special One. Mas também já foi elogiado por colegas e jogadores, já teve dois apoios de peso: Lippi e Capello. Dois senhores do futebol, dois treinadores com percursos de sucesso, dois homens que expressaram o seu apoio a Mourinho.

É verdade que José Mourinho não teve o melhor dos inícios de temporada com o Inter, mas nao se pode dizer que tenha sido uma ENTRADA PERIGOSA, pode?

Bom ou mau? Depende...

Quando José Mourinho veio a público, há uns anos, criticar publicamente Ricardo Carvalho, todos o elogiaram.
O mesmo se passou mais recentemente com Paulo Bento, ao criticar Vukcevic. Elogios? Nem por isso...

Quando Mourinho decidiu castigar Adriano e Julio Cruz, deixando-os de fora das convocatórias, foi elogiado, foi tomado como exemplo, como um disciplinador.

Quando Paulo Bento fez o mesmo com Vukcevic, com Djaló, com Miguel Veloso, chegou-se à conclusão que o treinador do Sporting é um ditador.

Estes dois pesos e duas medidas da opinião pública são exactamente os mesmos pelos quais se guia a comunicação social em Portugal...

Faz lembrar uma anedota em que um lisboeta salva uma criança de morrer atacada por um pitbull e, inicialmente, sai num jornal do Porto "Nobre cidadão do Porto salva crianças da fúria de besta canina", e, ao saber que o rapaz era de Lisboa, o título é alterado para "Mouro assassino acaba com a vida de animal doméstico".

Entrar neste tipo de dualidade de critérios é perigoso, são... ENTRADAS PERIGOSAS.