terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Entradas perigosas? Depende...

Há coisas do demo.
Quem vê futebol tem garantida, não só a emoção inerente ao jogo em si, como toda a treta pós-jogo que é publicada na imprensa desportiva.

No MaiFutebol podia ler-se:

Hauw perdoa Derlei:
«Se tivesse sido no joelho poderia ser diferente»

Sem rancores. Assim se afirma Alexandre Hauw, médio da Naval que, aos 55 minutos do jogo do último sábado, frente ao Sporting, sofreu uma entrada dura de Derlei, que lhe causou um «hematoma de razoáveis dimensões» na coxa direita segundo o próprio.

Se tivesse sido nos testículos podia ter ficado estéril.
Se tivesse sido num olho podia ter ficado cego...

Se o árbitro tivesse mostrado o vermelho a uma entrada igualzinha sobre o Derlei, minutos antes...

Foi na canela, mas se tivesse sido no joelho podia ter sido diferente, o argumento é o mesmo.

Joguem à bola!
O problema é que o Derlei foi bem expulso mas o tipo de entrada não dá vermelho em todas as situações, como se pôde ver no mesmo jogo.

ENTRADAS PERIGOSAS, sim, mas a punição depende da cor da camisola.

Depois disso, surgem as comparações quanto à disciplina interna, indo buscar o exemplo de Stojkovic ou Vukcevic.
Comparar Vuk e o Stoi com Derlei não faz sentido.
O caso do guarda-redes sérvio tem a ver uma situação gravíssima no balneário que poucos sabem, o caso de Vukcevic é pura estupidez do montenegrino.
Um jogador que acha que é o melhor do mundo e acha que pode ter sempre lugar no onze sem trabalhar só porque é bom e depois resolve escolher como agente o agente do Stoi (que se tem visto que é muito bom a aconselhar o seu jogador) só podia dar no que deu.
Fala mais na imprensa do que treina, só sabe reclamar e amuar, querem o quê?
Experimentem orientar uma equipa e gerir um grupo de jogadores e depois venham com essa conversinha dos coitadinhos dos meninos Stoi e Vuk.
Um acha que é o melhor guarda-redes do mundo (nunca ouviu falar do Cech, do Buffon, do Casillas...) e o outro acha que porque foi influente na época passada tem free pass para o onze titular e não precisa de correr e trabalhar como os outros.
Agora, o médio/avançado montenegrino tem uma nova oportunidade para mostrar o que vale. è só esperar para ver como a vai aproveitar.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Anatomia para jogadores de futebol

No jogo entre Sporting e FCPorto houve um lance em que Fucile apareceu no chão agarrado à cara.
Na disputa estava também Liédson.
Confesso que não me apercebi de nada na altura mas, na repetição, vê-se claramente o avançado do Sporting a tentar controlar o adversário com a mão.
O certo é que o baiano acerta com a mão na zona do ombro/clavícula do uruguaio e o deve ter...aleijado.

Fucile vem hoje dizer que"Não somos santos, mas a cotovelada que levei na cara não me partiu os dentes por sorte. Fez-me um golpe feio, sangrei e na verdade fiquei enojado".

Provavelmente Liédson deve ter acertado nalgum vaso sanguíneo que bombeia o sangue para o cérebro de Fucile e o fez delirar, chegando a imaginar que lhe acertaram nos dentes e, inclusivamente sangrou.

Isto sim, foi uma ENTRADA PERIGOSA! Sobre a anatomia do corpo humano...

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

As vitórias à Porto

Jesualdo Ferreira disse, no final do jogo contra o Sporting, que tinha sido uma vitória à Porto.
Eu concordo.
Fez lembrar aqueles jogos em que o Porto ganhava desse por onde desse, com ajuda do apito.

O Sporting fez, talvez, o melhor jogo da época.
A equipa, tal como no jogo para o campeonato, dominou o jogo só que, desta vez, aliou ao domínio boas trocas de bola e várias oportunidades para marcar.

Moutinho fez um jogo fantástico, tal como Izmailov, Rochemback voltou a mandar no meio-campo leonino, Romagnoli apareceu aqui e ali mas foi, na minha opinião, o menos inspirado.

Polga e Caneira dominaram os pouco activos avançados do FCP, ajudados por Miguel Veloso e Abel, sendo o lateral-direito o mais atarefado devido às incursões de Hulk.

Lá na frente, Liedson e Postiga foram uma dor de cabeça constante para os dois caceteiros de serviço e para o papá caceteiro, Bruno Alves, Rolando e Pedro Emanuel.

O golo do Sporting nasce de dois cortes da defesa do Porto a um cruzamento de Izmailov, com fernando a fazer a bola subir em arco e depois o enorme Liedson ganhou nas alturas, de cabeça, a Pedro Emanuel e fez a bola passar fora do alcance de Helton.

Mais tarde, o empate do Porto nasce numa falha clamorosa da equipa do Sporting. Hulk parte desde antes do meio-campo apenas perseguido por Rochemback - um sprinter contra um lutador de sumo - e Abel no meio sem saber se ia travar Hulk ou ficava a precaver um cruzamento para Tomás Costa.

Os dois golos nasceram em lances marcados por erros defensivos, não de grandes jogadas ou trabalho da equipa.

Erros da arbitragem foram mais que muitos.

Parecia ser um jogo bem tranquilo mas Bruno Paixão resolveu deixar a sua marca.
Primeiro com a expulsão de Caneira. Hulk levanta-se e vai encostar a testa à testa de Caneira. Amarelo para os dois?
Deixem-me rir!
No solo, Caneira atinge Hulk com o pé, mas alguém viu se foi com intenção?
Eu não!
A televisão so mostra o pé, não se vê o jogador do Sporting para poder avaliar.

No mesmo lance, Rui Patrício atira-se (ainda não percebi muito bem porquê) contra Hulk. Penálti por marcar e expulsão do keeper do Sporting? Não me chocava.

Do lado esquerdo do ataque do Sporting há um cruzamento que é desviado por Rolando no chão. Detalhe: o central do Porto usou a mão.
Mão dentro da área dá penálti.

Abel entra na área portista e Bruno Alves sai ao caminho do lateral do Sporting.
Não só comete obstrução como ainda levanta o braço ao nível do pescoço do jogador leonino.
Penálti?
Era era...mas não foi.

Isto, já para não falar na diferença de critérios na exibição de cartões aos jogadores de ambas as equipas.
E na marcação de faltas.

No final, as palavras dos treinadores foram bem elucidativas: Paulo Bento afirmou que a arbitragem portuguesa lhe metia nojo, já Jesualdo Ferreira teve uma ENTRADA PERIGOSA, dizendo que tinha sido uma vitória à Porto. Realmente dá que pensar. Num jogo em que o Porto não jogou futebol (mais uma vez), num jogo em que ficaram na retranca, num jogo em que jogaram largos minutos com menos um e a pouquíssimos minutos do final do jogo é que ficam em inferioridade numérica e o professor resolve vir falar como se tivessem andado o jogo todo com 9 em campo contra 10, num jogo em que o árbitro teve clara influência...dizer que foi uma vitória à Porto é dizer que voltaram as vitórias com "ajuda externa".

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Eu não percebo nada de futebol

Um dia destes vi no público um senhor comentar sobre a dificuldade de estar a ver, em simultâneo, o momento em que um jogador passa a bola e a posição em que se encontra o jogador que a vai receber.

Concordo que é díficil.

Mas há que ver que essa é uma função do árbitro assistente, ele sabe que tem de fazer isso. Por isso é que eles têm de andar em formações, por isso é que treinam, por isso é que são avaliados, por isso é que têm de progredir na carreira, indo apitando jogos desde os escalões de formação até chegarem a internacionais. Porquê? Exactamente porque o nível de exigência faz com que eles tenham de chegar a um grau zero de erros. Essa inexistência de erros vem com o treino. Esse treino vem com a experiência.
Um árbitro assistente que erre num jogo de miúdos é capaz de ser insultado por meia dúzia de pais, já se errar num jogo da Liga dos Campeões terá de aguentar com os apupos de estádios repletos.
Isto, falando da "avaliação" popular. Não podemos esquecer da avaliação dos delegados da Federação ou da UEFA.

Também tenho lido aqui e ali as comparações entre Mourinho e Mancini.

Confesso que tenho vontade de rir.

Sem qualquer nacionalismo ou qualquer "mourinhismo", vou apenas recorrer aos factos.

O primeiro campeonato ganho por Mancini foi, como alguns se recordam, uma vitória na secretaria.

O segundo, foi ganho com o Inter a partir com vários pontos de avanço em relação aos rivais directos (20 pontos de avanço e 10 pontos de avanço parecem-me uma boa ajuda).

As vitórias permitiram, algum encaixe financeiro (quer dos prémios por vitória, quer dos prémios dos patrocinadores... Não que dinheiro seja problema para Moratti) que possibilitou ou facilitou a aquisição de jogadores importantes, mas, principalmente, fizeram com que Mancini tivesse "moral" para fazer certas exigências, enquanto treinador vencedor, enquanto treinador campeão.

Mourinho chegou a Itália e já foi atacado por diversos lados, já teve treinadores e dirigentes a comprar guerras com o Special One. Mas também já foi elogiado por colegas e jogadores, já teve dois apoios de peso: Lippi e Capello. Dois senhores do futebol, dois treinadores com percursos de sucesso, dois homens que expressaram o seu apoio a Mourinho.

É verdade que José Mourinho não teve o melhor dos inícios de temporada com o Inter, mas nao se pode dizer que tenha sido uma ENTRADA PERIGOSA, pode?

Bom ou mau? Depende...

Quando José Mourinho veio a público, há uns anos, criticar publicamente Ricardo Carvalho, todos o elogiaram.
O mesmo se passou mais recentemente com Paulo Bento, ao criticar Vukcevic. Elogios? Nem por isso...

Quando Mourinho decidiu castigar Adriano e Julio Cruz, deixando-os de fora das convocatórias, foi elogiado, foi tomado como exemplo, como um disciplinador.

Quando Paulo Bento fez o mesmo com Vukcevic, com Djaló, com Miguel Veloso, chegou-se à conclusão que o treinador do Sporting é um ditador.

Estes dois pesos e duas medidas da opinião pública são exactamente os mesmos pelos quais se guia a comunicação social em Portugal...

Faz lembrar uma anedota em que um lisboeta salva uma criança de morrer atacada por um pitbull e, inicialmente, sai num jornal do Porto "Nobre cidadão do Porto salva crianças da fúria de besta canina", e, ao saber que o rapaz era de Lisboa, o título é alterado para "Mouro assassino acaba com a vida de animal doméstico".

Entrar neste tipo de dualidade de critérios é perigoso, são... ENTRADAS PERIGOSAS.

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Os escravos mimados

O “Kaiser” Beckenbauer disse hoje que Ballack se deve comportar como um capitão, calar-se e parar com as lamentações, repetindo a recomentação a Frings.
“São todos mimados” foi a frase lapidar.

Ballack foi operado e queixou-se que recebeu telefonemas de Scolari, Mourinho e de vários colegas mas, coitadito, sentiu a falta do telefonema do seleccionador germânico, Low.

Frings disse que ponderava abandonar a selecção porque não andava a jogar e era melhor que os dois colegas que Low andava a utilizar na sua posição.

Este jogadores da bola de hoje em dia são mesmo mimados.
Têm todas as mordomias e, por qualquer coisinha que não gostem, saltam logo para a imprensa a fazer queixinhas, ou pedem transferência ou, a melhor de todas, pegam no argumento do presidente da FIFA, Joseph Blatter, e falam em escravatura no futebol.

Coitadinhos.
Tão escravos.
Escravos de contratos de milhões anuais.
Escravos de colecções de carros caríssimos.
Escravos de mansões, apartamentos, vivendas por aqui e por ali.
Escravos de grande contas bancárias.
Escravos de investimentos.
Escravos do estrelato.
Escravos da vida boa.
Escravos de contratos de publicidade, também eles de milhões.
Escravos?

Estes mimadinhos ainda têm o descaramento de reclamar seja do que for?

E depois só consideram maluco o Stoikovic porque diz que é o melhor guarda-redes do mundo!

Ele há cada ENTRADA PERIGOSA...

Valete...essa rica bisca!

Sou apreciador de Paulo Bento como treinador do Sporting, no entanto não concordo com todas as opções e decisões do ex-internacional português.

Cansa-me ver tanto treinador de bancada e de FM ou CM criticar o treinador que tem dado títulos ao SCP desde que pegou na equipa.
Cansa-me ouvir os velhos na bancada a criticar os jogadores da própria equipa.
Cansa-me ir ao estádio e ouvir os assobios dos adeptos do Sporting aos jogadores de leão ao peito.

E, há pouco tempo, descobri uma das coisas mais ridículas a "malhar" no treinador do SCP.

Valete, um hip-hopper português, resolveu fazer uma música chamada "Baza Correr Com o Paulo Bento".
De certeza que achou que é um entendido de futebol, mas conseguiu fazer uma figura quase tão triste como a do Rui Santos todas as semanas.

É uma questão de ouvir e perceber o que estou a escrever.



Bom, não é?
A música, já por si, é uma boa porcaria. (e não tenho nada contra o hip-hop)
A letra segue os passos do fracasso.
Peguem nas críticas, por exemplo, ao Djaló.
É mau, está a ver-se.
E quando o homem diz que o Sporting nunca teve jogadores miseráveis?
Hum...Missé-Missé? Ouattara? Gil Baiano? Kmet? Ramirez? Skurahvy?
E o Pereirinha também é mau, não é?
O Carlos Freitas era muito bom...trouxe muitos jogadores excelentes...
O Doualla era muito bom...por isso é que nunca fez nada. Quem critica Farnerud e depois elogia o Doualla...
E dizer-se mal do Boloni, que tinha uma belíssima equipa, que jogava bom futebol, ou do Peseiro, que ganhou quase tudo e pôs a equipa a jogar um futebol vistoso, comparando estes dois com Paulo Bento, é de ir às lágrimas! A grande vantagem de PB em relação a estes dois está exactamente naquilo que lhes faltou e que existe actualmente! Disciplina!

Fazer o que?

Alguém se importa de fazer uma ENTRADA PERIGOSA às pernas deste Valete?
Ou então uma daquelas à Bruno Alves, pode ser que lhe acerte na cabeça e o homem comece a pensar, em vez de se juntar ao coro de protestos dos sabichões e velhos do Restelo.
Mais valia ter ficado quietinho.
Em vez disso, a música anda por aí, para ele não se esquecer...